…( Série Piadas e Anedotas )… BODAS DE OURO DE UM TRECHEIRO

Adaptação  José  Luiz  Mendes  Gomes

Sempre  trabalhando  em  obras,  foram  estradas,  linhas  de  transmissão,  barragens,  edificações…  Foi  trabalhar  no  exterior  também:  Angola,  Iraque…   Bem,  fato  é  que  era  um  “trecheiro”,  no  sentido  lato  da  palavra.  Mas  chegou  um  dia,  iria  fazer  Bodas  de  Ouro,  conseguiu  da  construtora  uma  boa  licença  por  tantos  anos  de  serviços  prestados,  queria  comemorar  viajando  com  a  mulher.  Estava  muito  feliz  em  comemorar  os  cinqüenta  anos  de  casamento.  Em  um  jantar  muito  romântico,  à  luz  de  velas,  a  certa  altura,  segura  ternamente  as  mãos  da  mulher  enquanto  fala  com  muita  emoção:

_  Querida,  quero  lhe  dizer  que  todos  esses  anos  foram  de  muita  felicidade,  apesar  de  ter  ficado  muito  tempo  fora  de  casa,  mas  sempre  pensava  em  você,  você  entende,  não  é?   Desde  o  instante  que  nos  conhecemos,  desde  a  hora  que  nos  casamos,  tive  a  certeza  que  teríamos  uma  vida  feliz.  Eu  agradeço  tudo  que  você  me  proporcionou,  principalmente  os  dez  filhos  maravilhosos  que  você  nos  deu.  Mas  tem  algo  que  vem  me  preocupando:  É  sobre  nosso  décimo  filho.  Desde  que  ele  nasceu  venho  notando  que  ele  é  completamente  diferente  dos  outros  nove.  Cor  dos  cabelos,  cor  dos  olhos,  maneira  de  ser.  E  isso  é  uma  coisa  que  eu  preciso  esclarecer  agora:  Ele  tem  um  pai…  um  pai…  –  procura  uma  palavra  mais  adequada  –  ele  tem  um pai  diferente,  não  tem?

A  mulher  não  tem  coragem  de  olhar  nos  olhos  do  velho  marido.  Ela  abaixa  a  cabeça  e murmura:

_  Sim,  é  verdade.

Saber  a  verdade  foi  um  golpe  muito  forte  para  o  velho  esposo.  Mas  já  que  havia  começado,  ele  agora  queria  saber  tudo,  queria  ir  até  as  últimas  conseqüências.  Os  seus  olhos  se  enchem  de  lágrimas  e,  com  uma  voz  trêmula,  quase  gaguejando, ele pergunta  à  mulher:

_  E  queee…quem  é…  quer  dizer… o  pai  do  menino?

A  mulher  mais  uma  vez  não  tem  coragem  de  fitar  os  olhos  daquele  com  quem  estava  casada  a  cinqüenta  anos.  De  cabeça  baixa  e  com  uma  voz  meio  sumida,  balbucia:

_  Você…

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