Adaptação José Luiz Mendes Gomes
O Topógrafo Sebastião viu chegar seu dia para o casamento, depois de correr trecho de norte a sul, de leste a oeste, deixando a noivinha amargando saudades, conseguiu passar num concurso publico da prefeitura da cidadezinha e agora ia sossegar o facho. E casou. E como normalmente ocorre, a noivinha, agora esposa, engravidou e, nove meses depois, quando deu entrada num hospital em situação de parto, eis que descobriram que nada mais era que uma gravidez psicológica, só vento. O caso inusitado correu feito rastilho de pólvora e loga a cidadezinha inteira estava sabendo, e foi inevitável. Apelidaram Sebastião de “Tião do Vento”. Não deu outra, por onde Tião passava logo gritavam: Tião do Vento, Tião do Vento. Olhem, la vai o Tião do Vento. Ele se irritou de tal forma que comprou um Trezoitão e passou a sentar o dedo em quem o chamava assim. A cidadezinha já tinha poucos habitantes e começaram a perceber que estava diminuindo a população, era Tião do Vento que passava o rodo em quem ousasse lhe chamar pelo apelido.
Até que um dia o Padre lhe chamou e disse:
_ Faça isso não, você está pecando diante de Deus, só porque lhe chamam de Tião do Vento?
Tião do Vento ouviu o Padre e falou:
_ Tudo bem, Padre, não farei mais isso.
Mal Tião do Vento sai da igreja, o Padre já ouve uns pipocos de bala, quando sai na porta da igreja ainda vê o trezoitão na mão do Tião, saindo fumaça pelo cano.
Consegue alcançar Tião que já se prepara pra deixar o local e diz:
_ Mas Tião, você acabou de prometer diante de Deus e ainda continua?
E Tião do Vento responde:
_ Padre, me chamar de Tião do Vento até que eu deixaria pra lá como prometi, mas pedir meu pinto pra encher o pneu da bicicleta eu não aceito não!
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