Adaptação: José Luiz Mendes Gomes
O Topógrafo teve que viajar para substituir um outro Gamela que pediu demissão. A obra ficava numa cidadezinha do interiorzão, daquelas que tem somente uma avenida, uma padaria, uma farmácia, essas coisas. E também tinha somente um único hotel, quase que um pardieiro, onde não teve jeito, o Topógrafo teve que se submeter pelo menos aquela noite, no dia seguinte seguiria para a obra que ficava quilômetros dali.
Chegando, foi informado que não havia vaga. Já anoitecendo, suplicou ao recepcionista que aceitava qualquer lugar para dormir. O recepcionista responde:
– Olha… tenho um quarto com duas camas, onde está hospedado um sujeito que me disse que gostaria de rachar as despesas com alguém. Mas tenho que avisá-lo que o sujeito ronca mais que turbina de avião teco-teco. Tanto é que os outros hóspedes telefonam queixando-se que não conseguem dormir.
– Sem problema, fico com o quarto, não tenho escolha.
O recepcionista leva-o até o quarto, apresenta-o ao sujeito e diz que o jantar está servido, para quem quiser. No dia seguinte, o Topógrafo desce para tomar o café da manhã e, contrariando as expectativas, está bem disposto. O recepcionista pergunta:
– O senhor conseguiu dormir?
– Sem problema!
– Mas, os roncos não o atrapalharam?
– Nada! Ele não roncou nem por um minuto.
– Como assim?
– Bom, foi simples: O sujeito já estava pelo menos aparentemente dormindo quando retornei do jantar. Então, me aproximei da cama dele e beijei a bunda dele dizendo: “Boa noite, coisinha linda…” e o sujeito passou a noite toda sentado na cama e acordado, olhando-me assustado.
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